Um lobisomem com jeitinho brasileiro
O Coronel e O Lobisomem surpreende o espectador através de um roteiro muito bem trabalhado – Guel Arraes, Jorge Furtado e João Falcão. Deve ser reconhecida a competência do trio, que conseguiu dar originalidade ao trabalho, ressaltando a identidade brasileira nas telas, por mais rudimentar ou caricatural que essa possa ser em uma primeira impressão.
O filme trabalha a questão do lobisomem de um jeitinho bem brasileiro, cheio de folclore e de crenças um tanto quanto rústicas. Ao contrário de filmes norte-americanos, a pessoa se torna um lobisomem quando é o oitavo filho de uma família de sete irmãs, e cujo pai é padrinho da mãe. Guel Arraes colocou nas telas histórias e lendas contadas nos círculos rurais em frente a uma fogueira, lendas que, mesmo que toscas, não poderiam se perder no tempo e restarem desconhecidas pela grande maioria.
Se as belíssimas locações de Minas Gerais e de Fernando de Noronha já surpreendem, que dirá a preciosa direção de arte do inglês Adrian Copper – o mesmo de Desmundo (2002) – restaura, através da precisão na escolha acertada de móveis e de pequenos objetos de época. Além disso, O Coronel e o Lobisomem traz a marca da produção de Paula Lavigne – com a sua Natasha Filmes – que já conseguiu emplacar grandes sucessos de bilheteria graças à sua competência – e à facilidade que possui de conseguir patrocínios e investidores.
A película foi bem dirigida por Maurício Farias, sendo que esse é o seu primeiro longa. Entretanto, Farias já dirigiu minisséries, novelas, e a série de televisão A Grande Família, da Globo. Apesar disso, o diretor foge do cacoete peculiar de quem trabalha com a linguagem televisiva, e demonstra uma boa condução de câmeras e atores. Além disso, seu trabalho é realçado pela bem marcada fotografia de José Roberto Eliezer, de enquadramentos precisos e que obtiveram um ótimo trabalho de pós-produção, principalmente nas cenas noturnas, nas quais foram utilizadas a conhecida “noite americana”.
O filme é baseado na clássica obra homônima de José Cândido de Carvalho, que conta a história de Ponciano de Azeredo Furtado (Diogo Vilela), coronel de patente e fazendeiro por herança. A narrativa se desenvolve acerca da acirrada luta do coronel com seu irmão adotivo, Pernambuco Nogueira (Selton Mello) para manter as terras da Fazenda Sobradinho e conquistar o coração da assanhada e interesseira prima Esmeraldina (Ana Paula Arósio). Além de toda função da “guerra”, Ponciano ainda enfrenta feras, boemia, agiotas, gatunos, donzelas e algumas assombrações.
Até mesmo os efeitos especiais são capazes de satisfazer a plateia. É um projeto cativante, com boas atuações – principalmente de Diogo Vilela – e que agrada pela leveza de uma despretensiosa comédia.
Informações Básicas
Título: O Coronel e o Lobisomem
Título Original: O Coronel e o Lobisomem
Ano de lançamento: 2005
Diretor: Maurício Farias
Elenco Principal: Diogo Vilela, Selton Mello, Ana Paula Arósio, Lima Duarte, Pedro Paulo Rangel
Link para o IMDB: https://www.imdb.com/pt/title/tt0456117/
