João Miguel e Peter Ketnath em Cinema, Aspirinas e Urubus

Cinema, Aspirinas e Urubus

Cinema, Aspirinas e Urubus não é apenas um filme de estrada (road movie), mas também um belíssimo filme sobre sensibilidade e humanidade, uma exaltação aos personagens, centrada na busca e exploração dos sentimentos do indivíduo. Um filme que não procura retratar naquele momento uma nação, e sim apenas dois homens que se sentem deslocados dentro de um pequeno universo, e que buscam a felicidade cada qual à sua maneira. Dois personagens que procuram, um no outro, uma forma de acabar com a solidão, reunindo sonhos e frustrações, força de vontade e cansaço, cada qual com seu tempo para eclodir e esperar do outro nada mais que um gesto de amizade nesses sentimentos antagônicos. Continuar lendo Cinema, Aspirinas e Urubus

Douglas Silva e Darlan Cunha em Cidade dos Homens

Cidade dos Homens

Em 2002, Fernando Meirelles lançou Cidade de Deus, um filme com inegável qualidade técnica e uma revolução na estética e linguagem do cinema brasileiro. Mesmo com a estranha relutância de alguns críticos e estudiosos de cinema – que acusam o projeto de violento e cosmético -, Cidade de Deus tornou-se um sucesso absoluto. O êxito acarretou a confecção de uma série televisiva chamada Cidade dos Homens, que se utilizava de argumentos pertinentes à vida nas favelas, de um elenco constituído nas bases por Kátia Lund (co-diretora de Cidade de Deus), e do olhar de diversos cineastas – e algumas pessoas estranhas ao cinema, como Regina Casé -, que se dividiram na direção dos episódios. Continuar lendo Cidade dos Homens

Alice Braga em Cidade Baixa

Cidade Baixa

Cidade Baixa é para quebrar tabus e pretensas amarras sociais. É um filme que não parte de estereótipos, mas de sentimentos e sensações da subjetividade humana. É deliciosamente despudorado. Sutil, não sob a forma de denúncia, mas sim como um recorte da vida de três pessoas que habitam uma pretensa “cidade baixa”, com seus bordéis, boates, bares, rinhas, e outros espaços pertencentes ao universo retratado no filme. Continuar lendo Cidade Baixa

Selton Mello em o Cheiro do Ralo

O Cheiro do Ralo

“O Poder é afrodisíaco. O cheiro me dá poder. O Cheiro e o Olho.” Essas são algumas das diversas sentenças proferidas pelo torpe protagonista do sublime O Cheiro do Ralo. Dirigido por Heitor Dhalia e roteirizado por Marçal Aquino, os mesmos do também excelente Nina (2004), o filme é inspirado no livro homônimo do quadrinista Lourenço Mutarelli, conseguindo manter todos os elementos da acidez e do sarcasmo do autor, transpondo para as telas, inclusive, o detalhismo presente nas páginas de O Cheiro do Ralo. Continuar lendo O Cheiro do Ralo

Hermila Guedes em O Céu de Suely

O Céu de Suely

Em O Céu de Suely, Hermila (Hermila Guedes) é uma jovem de 21 anos que, depois de pouco tempo em São Paulo, retorna junto com seu filho Matheus para Iguatu, sua terra natal, no sertão cearense. Esperando seu namorado em uma cidade que, assolada pela esterilidade da pobreza e do calor, é um lugar de partida, ela não demora muito a se dar conta de que este não retornará para junto dela. Continuar lendo O Céu de Suely

Café da Manhã em Plutão

Café da Manhã em Plutão

Com poucos minutos de filme, já chamam a atenção os dois pequenos pássaros que filosofam nesta que é uma fábula psicodélica, na qual, dentro da história, nada parece real ao mesmo tempo em que nem tudo parece pertencer à pura imaginação, ou seja, uma mentira bem contada que faz com que o espectador realmente acredite no que está assistindo. E é através dessa forma sensível de fazer comédia que o diretor Neil Jordan cria, com Café da Manhã em Plutão, um fantástico mundo, absurdo e plausível, e, simultaneamente, encantador. Continuar lendo Café da Manhã em Plutão

Anjos do Sol

Anjos do Sol

Não apenas um filme-denúncia, baseado em fatos reais, ou um documentário, Anjos do Sol é, certamente, um cinema-verdade, pois retrata fatos do cotidiano, retirados de matérias de jornais e revistas, formando um recorte da marginalização social no Brasil. A película não tenta ser a redenção, nem mostrar fórmulas esperançosas e desnecessárias, e, sobretudo, não é apelativa, pois não tende a partir para o melodrama. Continuar lendo Anjos do Sol

A Conquista da Honra

Cartas de Iwo Jima / A Conquista da Honra

É impossível para qualquer historiador definir qual batalha foi a mais violenta da humanidade, pois, entre todas as guerras, são os critérios subjetivos que marcam os implicados na desnecessária violência que impõe a desumanização aos seus envolvidos. Há, sim, uma maior apreensão com relação à Segunda Grande Guerra e suas diversas tramas, as quais o cinema sempre busca recontar, algumas vezes o mais fielmente possível, dentro das realidades ficcionais, de forma a compreender os trajetos da humanidade. Continuar lendo Cartas de Iwo Jima / A Conquista da Honra

Foto da série La Unidad. Crédito: Divulgação Movistar+ / Netflix

A Unidade

Produção espanhola da Movistar+, A Unidade conquistou espaço entre as séries policiais mais elogiadas dos últimos anos. Com três temporadas, ela mantém um ritmo intenso, explorando o combate ao terrorismo islâmico na Europa e suas consequências diretas e indiretas. O que poderia ser apenas mais uma narrativa de ação, acaba se tornando um mergulho nas relações humanas, nos dilemas éticos e nas zonas cinzentas de quem atua na linha de frente contra ameaças globais. Continuar lendo A Unidade